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03/08/2017

Enxaqueca e seus fatores desencadeantes

As cefaleias (dores de cabeça) atingem quase 50% da população mundial, sendo que 15% do total correspondem às enxaquecas.

A enxaqueca, ou migrânea, é uma doença crônica, de base genética, considerada pela Organização Mundial de Saúde uma das 20 doenças mais incapacitantes. Afeta a qualidade de vida, relações pessoais, lazer, trabalho e estudos.

Os principais sintomas da enxaqueca são:
•    dor latejante ou pulsátil, de um lado da cabeça (pode ser dos dois);
•    moderada à forte intensidade;
•    piora com esforço físico;
•    incômodo com a luz e o barulho;
•    náuseas e/ou vômitos.

Podem ocorrer alterações na vista como pontos luminosos, escuros, linhas em zigzag que antecedem ou acompanham as crises de dor.

É importante que o paciente portador de enxaqueca conheça os principais fatores que podem desencadear uma crise de dor:

1.    Ansiedade. Pacientes ansiosos tendem a sofrer por antecipação com eventos que estão por acontecer (ou que pensam que irão acontecer), gerando uma liberação excessiva de alguns neurotransmissores que podem ativar sistemas de dor.

2.    Jejum prolongado. É um dos principais fatores que desencadeiam crises de enxaqueca em quase todos os portadores desta condição. Comer a cada 3-4 horas, não pular as principais refeições e ter uma alimentação saudável é fundamental para quem quer manter-se longe da enxaqueca.

3.    Dormir mal. Uma boa noite de sono pode evitar a piora das dores de cabeça. Dormir pouco ou em excesso, ou não ter uma rotina de horários de sono pode ser um desencadeante da dor de cabeça.

4.    Ciclo hormonal. As enxaquecas na mulher tendem a piorar no período menstrual ou pré-menstrual. A flutuação intensa dos níveis hormonais ao longo do ciclo são um gatilho para desencadear uma crise. Além disso, doenças que afetem os níveis dos hormônios femininos podem piorar a enxaqueca, como endometriose, ovários policísticos, reposição hormonal. Em momentos da vida em que os níveis hormonais estão estáveis, por exemplo na gravidez (quando a placenta produz níveis contínuos de hormónios), na menopausa, ou com a prescrição de anticoncepcionais contínuos, as crises tendem a amenizar.

5.    Humor irritado. A irritabilidade pode ser um motivo gerador de novas dores. Medidas para aliviar esta irritabilidade como técnicas de relaxamento, atividades físicas, meditação e yoga são bem-vindas no tratamento da enxaqueca.

6.    Excesso de cafeína. A ingesta excessiva de café ou bebidas cafeinadas (coca-cola, chás pretos), chocolates, e até mesmo analgésicos que contenham cafeína podem piorar a enxaqueca. Um café expresso tem cerca de 80 mg, e um café coado 50 mg. Consideramos segura uma ingesta de até 200 mg de cafeína por dia, evitando o uso após as 18 hs.

7.    Sedentarismo. Realizar exercícios de forma rotineira evita crises de dor de cabeça pela produção endorfinas (hormônios naturais de bem-estar), regulariza a produção de neurotransmissores como a serotonina, melatonina, e o organismo se torna mais resistente a dor.

8.    Abuso de analgésicos. Quando as crises de enxaqueca são frequentes, o uso excessivo de analgésicos pode ajudar a cronificar a enxaqueca, tornando-a mais resistente ao tratamento. O tratamento da enxaqueca com medicamentos preventivos e a interrupção do uso indiscriminado dessas medicações é importante para cessar este círculo vicioso.

9.    Alimentação. Alimentos como o chocolate, frutas cítricas, alimentos muito gelados (sorvetes), nozes, alimentos gordurosos, condimentados, ricos em glutamato monossódico, adoçantes, leite, queijo e derivados podem agravar as enxaquecas. É claro que existe uma variação individual importante, e o mais correto é observar aquilo que te faz mal para evitar este alimento durante o tratamento.

10.    Genética. Reconhecer rapidamente a enxaqueca na infância, adolescência, início da vida adulta em filhos de pessoas que sofrem com a enxaqueca, permite que ela possa ser tratada adequadamente, evitando a cronificação da dor.

Fonte: modificado da SBCe (Sociedade Brasileira de Cefaleia).

Autoria: Dra. Priscila Colavite Papassidero

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