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01/08/2017

Neuralgia do trigêmio

Esta dor está na lista das dez piores dores que existem no mundo!

De acordo com a IASP (InternationalAssociation for theStudyofPain), a neuralgia do trigêmio é definida como uma “dor unilateral, excruciante, tipo choque elétrico, de início e fim abruptos, limitada a uma ou mais divisões do nervo trigêmio”.

Geralmente acomete um lado do rosto, principalmente a região maxilar ou mandibular, com duração de fração de segundos a dois minutos. A dor pode ocorrer espontaneamente, ou ser desencadeada por pequenos estímulos como comer, beber água, barbear-se, tocar o rosto.

Atinge principalmente mulheres, na faixa etária entre 50-70 anos. Traz imenso prejuízo na qualidade de vida de quem sofre com este transtorno e costuma ser mal diagnosticada ou confundida com dores dentárias, o que atrasa seu diagnóstico, e consequentemente, o tratamento adequado.

A forma clássica da doença é causada por um conflito neurovascular na zona de entrada da raiz trigeminal; em outras palavras, um vaso sanguíneo comprime a saída do nervo trigêmio, levando à uma lesão do mesmo com disparo de impulsos dolorosos.

Já a forma sintomática ocorre quando a neuralgia não é o problema em si, mas a manifestação de uma outra doença, como esclerose múltipla, infiltração tumoral, doenças granulomatosas, pequenos infartos. Até 15% casos de neuralgia trigeminal podem ser sintomáticos.

Por isso o diagnóstico da neuralgia do trigêmio exige sempre investigação com ressonância magnética do encéfalo e angio-ressonância.

É necessário ainda lembrar de outras causas que podem causar dores orofaciais, como disfunção têmporo-mandibular, SUNCT (cefaleia unilateral neuralgiforme de curta duração com injeção conjuntival e lacrimejamento), dor facial persistente idiopática, cefaleia em salvas, neuralgia pós-herpética, síndrome de Ramsay Hunt, arterite temporal, dor de origem dentária e dor psicogênica.

O tratamento envolve uso de medicações para dor neuropática, como anticonvulsivantes ou antidepressivos, que irão agir diretamente na lesão nervo, reduzindo a intensidade e a frequência da dor.
Atualmente existem também inúmeras técnicas e procedimentos intervencionistas que podem ser realizados como tratamento adjuvante para o controle da dor. Estes tratamentos variam desde técnicas minimante invasivas, como bloqueio anestésico do gânglio de Gasser, rizotomia percutânea por balão, rizotomia por radiofrequência, radiocirurgiagammaknife, até procedimentos cirúrgicos como a descompressão microvascular.

Quando considerar um tratamento intervencionista?
1.    Dor persistente apesar de tratamento medicamentoso otimizado;
2.    Dor inicialmente controlada com a medicação que volta a piorar;
3.    Efeitos colaterais da medicação;
4.    Preferência do paciente.

Os princípios do tratamento da neuralgia trigeminal são:
•    Explorar tanto alternativas medicamentosas quanto intervencionistas desde o início;
•    Drogas antiepilépticas constituem a base do tratamento, e doses altas podem ser necessárias para controle satisfatório dos sintomas;
•    Em períodos de remissão, tentar reduzir à menor dose possível;
•    Monoterapia é sempre um objetivo, mas nem sempre alcançável;
•    O comprometimento do paciente com o uso correto e diário da medicação é fundamental para o sucesso do tratamento.

Existem ainda estudos recentes com o uso de toxina botulínica para o tratamento da trigeminalgia, cujos resultados preliminares são animadores. Em breve poderemos ter mais uma opção eficaz e de baixo risco (quando comparado a técnicas cirúrgicas agressivas) no arsenal terapêutico contra a neuralgia do trigêmio!

Autoria: Dra. Priscila Colavite Papassidero


 

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